Hoje pensei nas coisas da minha infância ...
Nos livros que não li, nos filmes que não vi, nos amores platônicos cuidadosamente selecionados para que fossem platônicos MESMO, pensei nas músicas cujas letras não aprendi, nos testes em que não passei,nas festas de aniversário que não tive, nos presentes de natal que não ganhei, nos brinquedos que minha mãe nunca pôde comprar, mas que eu também nunca pedi, nos ovos de páscoa que nunca me deram.
Pensei nos amigos que nunca tive, nos amigos que fingiram ser amigos, nos amigos que me fizeram chorar, nos amigos que me negaram ajuda, nos amigos que não me convidaram pra suas festas, nos amigos que só estavam por perto quando eu poderia ser útil, nos amigos que riam de mim, e, pra ser mais preciso, pensei nos amigos que nunca foram amigos.
Pensei também nos meus inimigos, que jamais tiveram capacidade de me fazer sofrer.
Pensei nas pessoas que me chamavam de inimigo, quando eu as adorava.
Pensei nas pessoas que eu chamava de inimigos, quando me adoravam.
Pensei nos inimigos que tentaram ser meus amigos.
Pensei nos inimigos que não quiseram se tornar meus amigos.
Pensei no amor... E logo cheguei à conclusão de que só amei uma vez na vida...
Pensei na forma como o amor era visto quando eu era criança. Puro, fiel, amigo...
Mesmo que não fosse amor. Ou talvez fosse amor. É que basta a gente crescer um pouco pra achar que crianças não entendem nada...
Pensei nas coisas que pensava quando era criança, pensei nos meus medos, nos meus sonhos, me lembrei de como eu enxergava um futuro brilhante. Me lembrei de mim, cantando na igreja, sem saber um significado sequer das palavras que dizia, sem saber da importância de Deus em minha vida. Eu apenas sabia que devia adorá-lo. Hoje, tenho orgulho por tê-lo adorado desde a infância.
Alguns dos meus medos e dos meus sonhos me fizeram sorrir... Outros me fizeram sentir saudades... Mas outros continuam aqui, dentro de mim.
Rilton Viana
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