Texto idiota20

Eu sou Rilton Vianna ou simplesmente RILTON. Tenho 20 anos e nasci em Aguiar, já ouviu falar?Mas já não moro mais por lá.


Levo uma vida idiota embora vários idiotas me digam que outros idiotas queriam ter essa minha vida idiota, como se eu não soubesse que esses idiotas que vêm me dar conselhos idiotas também levam uma vida idiota e também ouvem vários idiotas mais idiotas do que eles dizerem que outros idiotas queriam ter suas vidas idiotas.

Como tudo isso é idiota, não? Eu acho.


Minha vida é idiota, mas eu não desejo e espero não desejar a vida de outros idiotas pouco menos idiotas do que a minha. Afinal, eu me transformaria num conselho idiota na boca de outros idiotas que certamente me dariam a outros idiotas.


Rilton Vianna







sábado, 28 de julho de 2012

Não vejo, logo sinto




Eu fechei os olhos e, quando abri, tudo já estava aqui.

Talvez eu tenha deixado coisas pelo caminho. Talvez...

Partes de mim que não cabiam mais na bagagem, tais como estas palavras, foram ficando para trás.

Não estou vendo o sol, mas sei que o dia está claro lá fora.

Talvez eu não queira ver o sol. Talvez eu precise desta escuridão. Talvez.

Nós não precisamos estar certos de tudo, quando sequer estamos certos sobre quem somos.

Você está tão perto que quase posso sentir sua respiração.
Por que será, então, que eu não posso te alcançar?

Às vezes, é como se estivéssemos separados por uma parede de vidro que permite que nos vejamos, mas não que nos toquemos.

Você consegue sentir minha respiração também?

Eu permaneço de olhos fechados, mas sei que pequenos raios de sol insistem em atravessar minha janela. Não os vejo, mas posso senti-los.

Tudo é silêncio.

Como posso, então, ouvir tão claramente o teu coração?

Eu o tenho ouvido chamar meu nome há dias, tão alto que está prestes a exterminar esta parede de vidro que há entre nós.

Eu até já posso sentir sua respiração...

RiltonVianna

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Comigo



O céu está fechado, e eu fechei as janelas do meu quarto.

Para completar, fechei, também, as portas do meu coração, agora que você partiu.

Para evitar que eu as trancasse, escondi a chave, sem que você percebesse, dentro do bolso pequenininho da sua mala. É... bem ali onde você nunca mexe...

Eu tenho procurado ficar fora do ar, porque, acordado, eu só consigo pensar na gente.

Nossa história.

Nossas conversas.

Nossas brigas.

Sua voz presa no meu celular.

Os filmes que a gente não viu.

Eu pegando no seu pé.

E tudo mais que compunha o que nós dois chamávamos de "a gente".

Sinto uma dor imensa que mal cabe dentro do peito.

Ainda choro antes dormir porque sei que é em você que vou pensar antes mesmo de abrir os olhos ao acordar.

Quando a saudade aperta, releio todos os torpedos que você me mandou naquele tempo em que a gente nem imaginava que haveria "a gente". Lembra? 

Eu não sou mesmo um filho da mãe dramático? rs 

Parece que todo esse tempo construiu uma espécie de dependência em mim, e eu estou precisando de mais uma dose de você agora, porque essa abstinência está me sufocando... 

Mas logo lembro que preciso te deixar ir.

Preciso?

Preciso.

Porque você já foi. Partiu. Simplesmente saiu...

Olhou pra trás e disse que nós não conhecíamos o futuro.

Você não sabe, mas eu fiquei te observando da janela.

Até quando minha visão pôde alcançar-te, te olhei.

E a cada passo que você dava, meu coração fazia uma pequena prece pra que você voltasse, mudasse de ideia, quisesse tentar uma vez mais... Foi inútil.

Um dia, quando todas as portas estiverem fechadas, todas as direções que optares seguir te trarão de volta pra mim.

Quando apontares ao longe, verás que as portas aqui também estarão aparentemente trancadas. 

Só então entenderás que a chave que carregas consigo há tanto tempo, na hora certa, só será capaz de abrir a porta de um lugar: do seu lugar. 

Comigo. 



RiltonVianna