O céu está fechado, e eu fechei as janelas do meu quarto.
Para completar, fechei, também, as portas do meu coração, agora que você partiu.
Para evitar que eu as trancasse, escondi a chave, sem que você percebesse, dentro do bolso pequenininho da sua mala. É... bem ali onde você nunca mexe...
Eu tenho procurado ficar fora do ar, porque, acordado, eu só consigo pensar na gente.
Nossa história.
Nossas conversas.
Nossas brigas.
Sua voz presa no meu celular.
Os filmes que a gente não viu.
Eu pegando no seu pé.
E tudo mais que compunha o que nós dois chamávamos de "a gente".
Sinto uma dor imensa que mal cabe dentro do peito.
Ainda choro antes dormir porque sei que é em você que vou pensar antes mesmo de abrir os olhos ao acordar.
Quando a saudade aperta, releio todos os torpedos que você me mandou naquele tempo em que a gente nem imaginava que haveria "a gente". Lembra?
Eu não sou mesmo um filho da mãe dramático? rs
Parece que todo esse tempo construiu uma espécie de dependência em mim, e eu estou precisando de mais uma dose de você agora, porque essa abstinência está me sufocando...
Mas logo lembro que preciso te deixar ir.
Preciso?
Preciso.
Porque você já foi. Partiu. Simplesmente saiu...
Olhou pra trás e disse que nós não conhecíamos o futuro.
Você não sabe, mas eu fiquei te observando da janela.
Até quando minha visão pôde alcançar-te, te olhei.
E a cada passo que você dava, meu coração fazia uma pequena prece pra que você voltasse, mudasse de ideia, quisesse tentar uma vez mais... Foi inútil.
Um dia, quando todas as portas estiverem fechadas, todas as direções que optares seguir te trarão de volta pra mim.
Quando apontares ao longe, verás que as portas aqui também estarão aparentemente trancadas.
Só então entenderás que a chave que carregas consigo há tanto tempo, na hora certa, só será capaz de abrir a porta de um lugar: do seu lugar.
Comigo.
RiltonVianna