Texto idiota20

Eu sou Rilton Vianna ou simplesmente RILTON. Tenho 20 anos e nasci em Aguiar, já ouviu falar?Mas já não moro mais por lá.


Levo uma vida idiota embora vários idiotas me digam que outros idiotas queriam ter essa minha vida idiota, como se eu não soubesse que esses idiotas que vêm me dar conselhos idiotas também levam uma vida idiota e também ouvem vários idiotas mais idiotas do que eles dizerem que outros idiotas queriam ter suas vidas idiotas.

Como tudo isso é idiota, não? Eu acho.


Minha vida é idiota, mas eu não desejo e espero não desejar a vida de outros idiotas pouco menos idiotas do que a minha. Afinal, eu me transformaria num conselho idiota na boca de outros idiotas que certamente me dariam a outros idiotas.


Rilton Vianna







quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Sonhos de insônia

 

Sabe quando você sente medo à noite, resolve cobrir-se da cabeça aos pés, mas não consegue respirar direito? E aí, é preciso deixar o ar entrar, mesmo correndo o risco de ele vir de mãos dadas com aquilo que você estava temendo... 

Talvez algumas pessoas estejam encarando o amor dessa forma, sendo que a maioria delas prefere se adaptar à falta de ar...

Eu sempre achei que eu não conseguiria viver sufocado, e, apesar de não estar coberto, não consigo respirar direito. Acho que o monstro que eu tanto temia acabou entrando, e eu sequer tenho forças para ligar a luz ou para "gritar pela minha mãe".  

Não tenho dormido bem, apesar de ter a leve impressão de que, agora mesmo, não estou acordado. Estou preso em uma espécie de sonho, pesadelo, ilusão, desilusão... 

Pergunte-me onde estou e eu lhe direi onde está o meu corpo, mas não onde está o resto que me compõe. 

Se é que ainda existe algo mais. 

Como eu poderia saber? 




RiltonVianna



sábado, 11 de agosto de 2012

Deveria

Eu deveria ter voltado lá e ter feito tudo diferente. 

Deveria voltar agora mesmo, quem sabe, e tomar alguns drinques. 

Mas não. Cá estou. 

Vez ou outra, mesmo que nos arrependamos, sabemos a hora certa de ir pra casa. 

Ficar sozinho é desnecessário, mas sentir-se sozinho é uma ressaca incurável. 



sábado, 28 de julho de 2012

Não vejo, logo sinto




Eu fechei os olhos e, quando abri, tudo já estava aqui.

Talvez eu tenha deixado coisas pelo caminho. Talvez...

Partes de mim que não cabiam mais na bagagem, tais como estas palavras, foram ficando para trás.

Não estou vendo o sol, mas sei que o dia está claro lá fora.

Talvez eu não queira ver o sol. Talvez eu precise desta escuridão. Talvez.

Nós não precisamos estar certos de tudo, quando sequer estamos certos sobre quem somos.

Você está tão perto que quase posso sentir sua respiração.
Por que será, então, que eu não posso te alcançar?

Às vezes, é como se estivéssemos separados por uma parede de vidro que permite que nos vejamos, mas não que nos toquemos.

Você consegue sentir minha respiração também?

Eu permaneço de olhos fechados, mas sei que pequenos raios de sol insistem em atravessar minha janela. Não os vejo, mas posso senti-los.

Tudo é silêncio.

Como posso, então, ouvir tão claramente o teu coração?

Eu o tenho ouvido chamar meu nome há dias, tão alto que está prestes a exterminar esta parede de vidro que há entre nós.

Eu até já posso sentir sua respiração...

RiltonVianna

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Comigo



O céu está fechado, e eu fechei as janelas do meu quarto.

Para completar, fechei, também, as portas do meu coração, agora que você partiu.

Para evitar que eu as trancasse, escondi a chave, sem que você percebesse, dentro do bolso pequenininho da sua mala. É... bem ali onde você nunca mexe...

Eu tenho procurado ficar fora do ar, porque, acordado, eu só consigo pensar na gente.

Nossa história.

Nossas conversas.

Nossas brigas.

Sua voz presa no meu celular.

Os filmes que a gente não viu.

Eu pegando no seu pé.

E tudo mais que compunha o que nós dois chamávamos de "a gente".

Sinto uma dor imensa que mal cabe dentro do peito.

Ainda choro antes dormir porque sei que é em você que vou pensar antes mesmo de abrir os olhos ao acordar.

Quando a saudade aperta, releio todos os torpedos que você me mandou naquele tempo em que a gente nem imaginava que haveria "a gente". Lembra? 

Eu não sou mesmo um filho da mãe dramático? rs 

Parece que todo esse tempo construiu uma espécie de dependência em mim, e eu estou precisando de mais uma dose de você agora, porque essa abstinência está me sufocando... 

Mas logo lembro que preciso te deixar ir.

Preciso?

Preciso.

Porque você já foi. Partiu. Simplesmente saiu...

Olhou pra trás e disse que nós não conhecíamos o futuro.

Você não sabe, mas eu fiquei te observando da janela.

Até quando minha visão pôde alcançar-te, te olhei.

E a cada passo que você dava, meu coração fazia uma pequena prece pra que você voltasse, mudasse de ideia, quisesse tentar uma vez mais... Foi inútil.

Um dia, quando todas as portas estiverem fechadas, todas as direções que optares seguir te trarão de volta pra mim.

Quando apontares ao longe, verás que as portas aqui também estarão aparentemente trancadas. 

Só então entenderás que a chave que carregas consigo há tanto tempo, na hora certa, só será capaz de abrir a porta de um lugar: do seu lugar. 

Comigo. 



RiltonVianna


segunda-feira, 21 de maio de 2012

Dias sombrios




Tenho que confessar que os últimos dias foram sombrios. Em meio a noites mal dormidas e guerras que se levantaram sem meu conhecimento, aqui estou eu: nem no chão, nem com a cabeça erguida.

Talvez leve um tempo para que eu assimile os últimos acontecimentos. Até lá, eu estou fazendo o que posso para não parar de caminhar, mesmo estando minhas pernas cada vez mais pesadas, e o caminho, cheio de curvas e subidas.

Eu entrei em casa há cinco minutos, e agora a chuva está caindo enquanto escrevo; isso me parece tão poético... Há pouco eu derramava lágrimas enquanto olhava para o céu e tentava enxergar uma saída, uma força, e agora o céu é quem está umedecendo o meu telhado, como se fosse um sinal de que eu fui ouvido.

Um gosto amargo na boca e minha cabeça rodando me fazem lembrar os dias em que, tomado pelos poderes do álcool, eu acreditava que tudo estava perdido. Será que eu estava certo? Tudo parece tão escuro e infinito agora...

Onde, aqui na terra, devo eu me apoiar quando todos me parecem muito distantes? Mesmo aqueles que estão a três passos de mim me parecem distantes.
Dias sombrios, quando tudo é noite, até mesmo quando é dia... Preciso sobreviver uma vez mais. 

RiltonVianna

sábado, 7 de abril de 2012

Violão imaginário


São apenas duas pessoas que, ao mesmo tempo em que se olham, caminham. Suas mãos não estão dadas, mas elas conseguem sentir o suporte que uma oferece à outra por meio da singular companhia...

São duas pessoas que jogam conversa fora enquanto olham pra um céu que ora é noite, ora é dia.

Não dá pra olhar pra trás agora e fingir que não houve dor antes.

Há dor agora.

E a dor é - e sempre será - inevitável enquanto o amor estiver à solta. 

Quem sabe agora não seja a hora de parar, fazer uma fogueira e descansar um pouco? 

Você me conta uma história, eu te canto uma canção ao toque de um violão imaginário e a gente deixa pra se queixar um pouco mais das injustiças do amor em uma outra hora que não seja esta. 



RiltonVianna



sexta-feira, 6 de abril de 2012

Apenas salte.






Nesta última madrugada, que não tinha nada pra ser romântica (não chovia, não fazia frio), em uma conversa de MSN, ao som de uma música melancólica que se repetia de forma não espontânea, eu extraí de mim palavras que há muito se escondiam...


Antes tivessem ficado escondidas, porque são frutos de angústia e regressão...



Há sempre um momento certo pra se abandonar um navio, e nem sempre esse momento é durante a pior tempestade ou muito menos quando a água enfurecida invade tudo. Apenas sente-se e veja como tudo é passageiro... Quando a chuva se vai, dá pra ver que poucas coisas restaram. E é aí que você percebe que não precisa de muito pra tocar o navio. Está tudo mais leve, e, apesar de algumas perdas, as poucas coisas que restaram foram exatamente os alicerces.

Com o tempo, você vê que as tempestades, os trovões, o vento forte, nada disso faz mal. Mas quando as tempestades se fazem raras, e o navio está flutuando apenas porque está dentro d'água, é que você percebe que tem que saltar e nadar para longe.

 Primeiro, você vai tentar encontrar, no fundo do oceano, alguma coisa que, provavelmente, a tempestade e as águas que invadiram o seu navio levaram de você. E tudo estará lá, à frente dos seus olhos. Mas é bem aí, no fundo onde você se encontra, que você percebe que há determinadas coisas que ficam melhores quando estão afogadas, submersas. 

Nada de tempestades, chuvas, raios, trovões ou terríveis e gigantescas ondas. Tudo o que restou foi uma calmaria tediosa, e você está dentro de um navio, cujo balanço só te faz sentir náuseas. 

Apenas... salte!

RiltonVianna

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Apaguem as luzes



Aqui estou, outra vez, neste lugar que conheço há tanto tempo.

Alguém, por favor, me diga a razão de eu continuar me perdendo...

Não há experiências suficientes? 

Ainda não derramei lágrimas o suficiente pra aprender a me cuidar melhor?

Eu sempre achei que as pessoas pudessem me causar grandes dores, mas não há nada que se compare com as dores que causei a mim mesmo. 

Conheço todos os meus pontos fracos, mas isso não ajuda quando você é seu próprio inimigo.

Preciso ficar sozinho, ouvir uma música triste repetidas vezes, fumar um cigarro, sentir essa dor ao máximo.

Apaguem as luzes.  

RiltonVianna